dezembro 28, 2006

Na cabeça de um tinhoso


Era onde a minha mãe dizia que eu seria capaz de comer gelado. Adoro gelados! Desde que me conheço. Dos de feira aos Haagen-Daz.
Um dos episódios que fica para a minha história, aconteceu na Feira da Ladra, teria eu cerca de 4 anos. Vi um vendedor de gelados, dos de cone, e não me calei enquanto não me compraram um; estava deliciada a saboreá-lo quando, desgraça!, a minha mãe resolve prová-lo. Porque achou que sabia a sabão obrigou-me a deitá-lo fora. Entre incrédula e desesperada eu só dizia: "Ó mãe não! NÃO! É tão bom! Só mais uma lambidela! Só mais uma lambidela!".
Talvez seja por causa deste episódio que como gelados que nem um aspirador. Só páro quando chego ao fim. E depois fico a olhar para os outros que ainda mal começaram. Como é que conseguem?
Quando íamos às matinées, achava que a minha amiga Guida fazia de propósito para me provocar. Já eu tinha acabado e ela ainda tinha imenso gelado pela "frente". Porque sabia que eu era incapaz de fazer como ela, ficava a ver-me qual cão de Pavlov a "babar-me de inveja".
Mais tarde, no liceu eram as idas, entre furos de aulas, até Cascais, de combóio, para nos banquetearmos no Santini ou no Tchipepa (de preços mais acessíveis)... A Clara, a Cristina, eu, o Paulo, o Pêpê comíamos gelados até fartar; cheguei a sair de lá várias vezes a tremer de frio e com a língua dormente!
Mas ironia das ironias, quando fui operada à garganta nem lhes toquei; só me lembro de ver toda a gente, deliciada, à minha volta a comer os gelados comprados para mim.
Porquê falar de gelados nesta altura do ano? Porque os tenho comido todos os dias. Irresistivelmente. E se fico com frio meto-me na banheira.
O resultado? Daria uma verdadeira musa inspiradora para o Botero.

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