julho 02, 2008

A noiva de Garibaldi

No regresso a Macau fui surpreendida pela mini-série brasileira "A Casa das Sete Mulheres" que achei fantástica.
Sim, achei, porque já a vi toda no You Tube.
Como tinha perdido os primeiros episódios resolvi tentar colmatar a falha e, duma assentada, estilo como quem não consegue conter-se diante duma taça, ou alguidar, de amendoins, quando dei por mim, eis que o final tinha chegado.
Pelo caminho, deformação profissional, ficaram várias consultas a diversos sites sobre a vida dos personagens e sobre os factos reais em que a história se baseia - porque já não me lembro nada do que na faculdade eventualmente possa ter aprendido sobre este assunto em História do Brasil, cadeira que escolhi como opção complementar e que era dada pelo Prof. Dr. Salvador Dias Arnaut, já muito velhinho, que gostava de contar piadas e que se ria perdidamente antes de as acabar com a graça que achava que elas tinham...
"A Casa das Sete Mulheres " é uma beleza; para quem nela participou, terá sido um privilégio trabalhar numa produção desta qualidade.
Na guerra que opôs o Rio Grande (República Rio Grandense) ao Império do Brasil, Garibaldi estava ao lado dos Farrapos (Revolução Farroupilha) que queriam implementar a República e que lutavam pela abolição da escravatura.
No testemunho que deu a Alexandre Dumas disse que nunca tinha visto em nenhuma parte, homens mais valentes, nem cavaleiros mais brilhantes que os da bela cavalaria rio-grandense, em cujas fileiras terá aprendido a desprezar o perigo e a combater dignamente pela causa sagrada das nações. 
Ao fim de 10 anos de lutas o Rio Grande voltou a integrar-se no Império. Os escravos que combatiam no exército, e só esses, foram alforriados. O fim da escravatura, infelizmente, só viria mais tarde. Apesar de tudo, e porque o número de baixas foi excessivo, ambas as partes se consideraram derrotadas no último combate.
No meio de tudo aquilo que é facto verídico, custa saber que Manuela de Paula Ferreira, sobrinha de Bento Gonçalves, o grande dinamizador da revolta, também recordada pela mão de Alexandre Dumas, porque nunca deixou de amar Giuseppe Garibaldi, de quem foi namorada, ficou toda a vida à espera que ele voltasse e morreu, solteira, aos 84 anos em Pelotas.
Que desperdício de emoções e de energia!

Quem quiser saber mais sobre o que foram estes "Sonhos de Liberdade - O legado de Bento Gonçalves, Garibaldi e Anita", basta ir a www.viapolitica.com.br/sonhos e encontrará as comunicações apresentadas no Seminário Internacional "170 Anos da Revolução Farroupilha" que se realizou há 3 anos.
Vale a pena!

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